A alimentação da criança nos primeiros anos de vida desempenha um papel fundamental no seu desenvolvimento e crescimento saudáveis. Durante esse período, é importante garantir que a criança receba todos os nutrientes necessários para fortalecer o sistema imunológico, desenvolver habilidades cognitivas e físicas, além de estabelecer hábitos alimentares saudáveis a fim de que se perpetuem ao longo do seu crescimento.
Nos primeiros seis meses de vida, o aleitamento materno é a nutrição mais completa para o bebê, sem necessidade de oferta de água ou chá. O leite materno é rico em nutrientes essenciais, fornece proteção contra infecções e todo o aporte energético para o seu desenvolvimento.
A partir dos 6 meses, o organismo da criança já está preparado para receber alimentos diferentes do leite materno, que são chamados de alimentos complementares. Neste momento, inicia-se com alimentos sólidos de fácil digestão, como legumes e frutas.
A conduta da alimentação complementar varia de acordo com a rotina e disponibilidade da família/ cuidador. É possível aplicar o método convencional, ou BLW (Baby-Led Weaning), que significa “desmame guiado pelo bebê”, ou até mesmo mesclar os dois. O método tradicional baseia-se na introdução gradual dos novos alimentos na rotina alimentar da criança com gerenciamento e supervisão dos pais ou cuidadores. A orientação inicial envolve a oferta de preparações em forma de papas amassadas (não liquidificadas) e purês, para facilitar a deglutição da criança e evitar um possível engasgo. A consistência será modificada gradativamente, à medida que o bebê se desenvolve em seu aspecto físico e cognitivo. Os purês e papas são substituídos por alimentos picados, desfiados ou cortados em cubos pequenos, até chegar à dieta da família, devendo ocorrer em torno dos 12 meses de idade. Essa abordagem conta com o auxílio de colheres ou copos.
Já o método BLW preconiza a introdução alimentar gradual e natural da alimentação complementar, propondo que o bebê não receba auxílio ou interferência dos pais ou cuidadores. É uma abordagem alternativa ao método tradicional, pela oferta de alimentos complementares em pedaços maiores, na forma de tiras ou bastões para o bebê experimentar e descobrir texturas e sabores com as próprias mãos. Isso confere autonomia ao bebê, dando-lhe todo o controle sobre a quantidade de alimento ingerido e o tempo de duração da refeição, criando assim o seu hábito alimentar, favorecendo também o reconhecimento do sinal de saciedade. Não inclui o auxílio de copo ou colher e nenhum processo de adaptação à consistência. Esta abordagem é multissensorial, conferindo mais autonomia. Esse método não inclui administração do alimento com a colher e nenhum método de adaptação de consistência para preparar a refeição da criança. É uma abordagem multissensorial onde o bebê, com as próprias mãos, interage com formas, cores, sabores e texturas diferentes dos alimentos, gerando assim uma melhora no desenvolvimento motor e cognitivo.
Lembre-se que cada criança é única e as necessidades nutricionais podem variar. O olhar sensível do profissional para a família, cuidador e criança é de extrema importância para garantir o desenvolvimento do bebê com a certeza de que a alimentação seja equilibrada e adequada ao estágio de desenvolvimento. A educação alimentar, mais uma vez, nos mostra que é essencial, especialmente nos primeiros anos de vida.